[Acho que] Não sei o que dizer
Talvez seja, realmente, de rabiscos que se fazem os sonhos, ou do verde da esperança que se mistifica o meu ser... Não sei o que dizer no momento, acho que na verdade não TENHO o que dizer. Mesclo uma incerteza obscura que me sacrifica e me adentra o subconsciente, que, como diria minha querida Clarice Lispector, “por enquanto estou inventando a tua presença”. Pensei que fosse capaz da abstinência da vossa companhia, da não personificação minuciosa do seu caráter no meu efetivo sentimento... Mas me deparo com peculiaridades que me sagram em pontos vitais, padecendo um menino que apenas queria soltar pipas no deserto e receber uma medalha de hora ao mérito. Tudo bem, entendo perfeitamente que as pessoas que mais nos decepcionam são as que amamos, pois pensamos que são perfeitas e esquecemos que são humanas. Não sei de quem é essa frase, mas ela caiu PERFEITAMENTE no presente contexto. Fico grato por isso. Imaginei um castelo, um jardim, um banquinho e um buquê de rosas vermelhas acompanhado de um belo café da manhã. Imaginei um lago ao lado e nós dois descansando na grama, deitados, trocando carícias e uma eloqüente essência de amor perceptível a milhares de quilômetros. Imaginei infindáveis possibilidades de não haver nenhuma possibilidade de não ficar sem sua presença. Mas aconteceu algo que não estavam nos meus planos: acordei! Sonho bom, bom sonho... Não sei o que dizer. Sonhei com você, um sonho aparentemente sem nexo. Dias depois vi que ele havia, e muito, nexo... Infelizmente não pude fazer nada pra evitar, sua chegada foi relâmpago, e sua saída foi uma tempestade. Tumultuada, cheia de prejuízos, uma calamidade. Bom, acho que mesmo antes da minha presença, já havia as tempestades, creio que eu tenha construído minha harmoniosa “residência” em local impróprio. Mas sem problemas. Já estou de malas prontas, já estou de mudança e a vida prossegue. Acabo de escutar uma frase criteriosamente perfeita: “a única coisa que você leva dessa vida é o amor que você sente”. E esse amor estará sim nessa minha pequena mala de colo que levarei durante meu percurso, em busca de uma casinha singela e segura. Não sei MAIS o que dizer. Suponho que esporadicamente lembrarei-me da sua pessoa, algo que me fará bem, por um momento. Lembrarei o que imaginava pra nós dois. Há no platonismo um predomínio do sofrimento exacerbado e que te empolga e te machuca, simultaneamente. Espero que a segunda hipótese não me afete diretamente, não pinte de cinza os meus ensolarados dias nas margens do Velho Chico... É difícil, muito complexo escapar ileso de uma afinidade sentimental. É algo cotidiano, uma percepção corriqueira e que mina sua estrutura somente em saber que teu sonho está sendo paulatinamente degradado. Tudo bem. Continuo com minha rotina de estudante de universidade tentando conseguir um mísero lugar ao sol. Vou arrumando tempo pra conciliar meu EU com seu EU, a fim de me proteger do que esse NÓS pode causar de maligno. O que for de saudável creio que indiscutivelmente seria a alternativa mais preciosa, mas no momento não é a mais eficiente, portanto não tem a devida validade. Acho que JÁ sei o que dizer: Platão, aqui vou eu! “SÓ SEI QUE NADA SEI”.