sexta-feira, 11 de junho de 2010

A fada dos meus sonhos



A fada dos meus sonhos


E tive um sonho. Sonhei que estava exatamente onde eu sempre quis chegar. Dormi profundamente bem, tão exacerbadamente bem a ponto de desejar não acordar mais e até que o sonho se torne a maçã que conspirou Eva no paraíso. Intercalei muitos dos meus paradigmas nesse momento, nessa espécie de realidade dentro de outra realidade, e ambas dentro, só e somente só, do meu imaginário. Partilhei infinitos sorrisos e olhares e carícias em um intervalo de tempo tão indiscriminado que nem o mais embriagado dos deuses seria capaz de estimar. Os deuses sempre aparecem nos meus sonhos, assim como os duendes, os elfos, os anjos e as fadas. Isso, as fadas! Admito que é um privilégio sonhar com elas. Admito que ainda é algo surreal, subjetivo, indeterminado, mas que já tem os requisitos mínimos para que eu acorde numa bela manhã de segunda-feira e a tenha como a mais magnífica de todas as manhãs. Quão surpreso fico ao saber que existem pessoas que ainda acreditam em fadas. E ainda mais quando acreditam nos anjos, simultaneamente. Há uma magia imensa em conciliar o medo com o sonho, em manipular a vontade em prol dos sentimentos. Há uma esperança imensa predominante na cor verde, mas que eu prefiro acreditar na minoria e caracterizar a esperança como a cor morena, e provocante, e irresistível. Apaixonante, isso é fato! A essência dessa fada cativa pura e simplesmente pela personalidade que a acompanha. A ‘casca’, nesse caso, é apenas um mero expectador dessa encantadora forma de admiração. Uma admiração que, de longe, é linda, e de perto, parece estar muito mais longe... Essa fada não possui varinha mágica. Mas como assim? E como ela realizará suas proezas, seus encantos e suas magias? Esforço algum é necessário para isso. Ela apenas olha, ela apenas sorria, ela apenas conversa... É assim mesmo, simples como beijar na chuva ou ficar envergonhado com a primeira paquerinha. Mas é o simples que me prende, que me estimula, que me deixa à mercê da expectativa de tantos outros sonhos com a fada. Como havia dito, estou a escutar “Nando Reis”, e uso por cá as palavras por ele cantada: “...trocaria a eternidade por essa noite...”. Essa noite de 12 de junho. A fada dos meus sonhos pode modificar esse dia, e o transformar em um hiper dia, ou paralisar esse prazer e fazer com que ele se repita por um longo tempo. Estou esperando por esse momento. Estou esperando para que a fada dos meus sonhos se torne realidade. Estou a contar cada segundo para poder sonhar tudo de novo, para poder compartilhar todo esse momento que sempre quis viver, sentir, multiplicar... Quando a fada aparecer na minha frente, vestida de amor e carinho, e sem dúvidas, despida por completo de alma, pois esta é transparente e repleta de tudo o que há de bom, eu quero olhar naquelas pupilas dilatadas pela ansiedade, pela timidez, e dizer pra ela que me leve pra seu mundo, que não me deixe sozinho nesse lugar de tonalidades cinza. Quero o colorido do seu sorriso, quero o brilho do seu olhar, quero a alegria da tua presença. Vou lutar contra o despertador, lutar intensamente contra quem quiser me acordar, quem quiser espantar a fada dos meus sonhos. Vou fazer por onde ser merecedor das suas atenções, sejam elas de todos os âmbitos. Quero caminhar ao seu lado e ver o pôr do sol. Quero ver a lua cheia e te achar na profundidade dos seus mistérios. Quero escrever essas palavras bem lá nas estrelas, para quando eu te levar pra lá, você as ler, deitada sobre meu ombro e recebendo um imenso cafuné por dentre esses lindos cabelos... Não quero acordar, fada dos meus sonhos. Quero viver por muito tempo esse momento, mesmo sabendo que o pra sempre, sempre acaba, também. Mas como diria Willian Shakespeare: “Devagar: quanto mais rápido, mais tropeços”. A realidade que quero é a fada dos meus sonhos. O que vale não é quanto se vive, mas como se vive.


Texto e foto: Thiago Maia
www.flickr.com/thyagumayah

terça-feira, 8 de junho de 2010

O começo de tudo


O começo de tudo


Resolvi fotografar. Liguei para meu grande amigo Vinícius e marquei no mesmo lugar e horário de sempre: 14h na praça da igrejinha. Tarde ensolarada de uma pacata cidade interiorana, nada melhor do que reunir amigos e fazer o que gosta. O momento estaria mais propício pra apreciar um das dezenas de cachoeiras que cercam a “golden city”, mas a paixão pela fotografia falou mais alto. E lá saímos pelas ruas a andar, conversar, falar dos acontecimentos da semana, falar sobre futebol... E entre um bate papo e outro, vai e volta assunto e risos, e o dedo nervoso não para de clicar. Foto vai e vem, e mostra e apaga e tenta de novo e uma rua se completa, passando a existir no fantástico mundo virtual do congelamento de imagem. E surge a idéia: “vamos fotografar lá no asilo?” Ideia nada mais justa, visto que seria uma satisfação imensa registrar momentos tão delicados como os vividos pelos construtores do nosso presente. E convenhamos, não damos atenção alguma para a terceira idade, como é conhecida aquela fase acima dos 60 anos, tão cheia de experiências vividas e prontinhas para serem contadas e perpetuadas pelo longo do tempo. Fizemos uma gama de fotos tão interessantes que acabamos nos surpreendendo com o resultado; nossos amigos de fotoclube então lançaram a ideia de fazer uma exposição. Ótimo, uma exposição, nada melhor para divulgar o trabalho, que no fundo teria um caráter social de denúncia, de como nossos senhores e senhoras estavam sendo tratados. A exposição foi realizada no calçadão da cidade, em pleno meio de semana, movimento a pico, muitos elogios e a presença da imprensa fazendo uma ligeira cobertura do varal fotográfico, como é chamado aquele tipo de exposição. E no final de semana foi visto o resultado no jornal, uma das minhas fotos apresentada como a principal do evento e abaixo um texto invocando a participação mais assídua da nossa sociedade na qualidade de vida dos idosos. Gostei. Quer dizer, amei. Pra quem ia fazer aquilo por hobby, acabou sendo algo de extrema importância, tanto pessoalmente como socialmente.


E foi assim que minha paixão pela fotografia se ampliou! A fotografia revela tudo o que está subentendido na alma, ela deixa transparecer sentimentos em simples expressões e atitudes! E isso é inestimável.


Texto: Thiago Maia --- Foto: Vinicius Lima

Mais fotos em: www.flickr.com/thyagumayah

www.flickr.com/vieclara