terça-feira, 16 de junho de 2009

Faces da Globalização


Faces da Globalização


O mundo contemporâneo em que estamos inseridos é resultado de uma evolução contínua na busca pelo conhecimento. A simples informação não é caracterizada como um propulsor: é necessário transformá-la em conhecimento e apresentá-la na sociedade de modo que este contribua plenamente para a concretização de um processo de informatização.
Tal processo de informatização se deu a partir da necessidade constante de um mercado caracterizado pelo consumo e pela busca incessante do lucro. Os “motores” impulsionadores da economia nos meados do século XVIII, tido como independentes e com influência própria, foram substituídos no século XX por um único motor que passou a direcionar toda a atenção para um único objetivo: a mais-valia. Um exemplo claro e coerente da mais-valia é a concorrência entre as empresas. Há uma competição constante e cruel em busca do status superior. Para que esse processo ocorra, é estimulada a produção de técnicas e produtos que serão utilizados a fim de uma expansão do mercado consumidor e, consequentemente, do crescimento empresarial.
A acumulação de conhecimento propiciou a criação de um processo que po
de ser considerado o ápice do capitalismo: a globalização. Esse termo foi derivado da idéia de que tudo e todos estariam diretamente ou indiretamente inter-relacionados na esfera terrestre. A visão da globalização pode ser entendida de três formas distintas: como fábula, como perversidade e como uma nova globalização. A globalização como fábula é essa pela qual somos apresentados: uma integração de todo o planeta, onde a informação pode ser difundida rapidamente, favorecendo as classes em geral. Sabemos que ela não se apresenta dessa maneira, pois as informações não estão ao alcance de todos e, ocorrendo dessa forma, há uma integração de interesses globais por parte das classes detentoras dos meios de produção e prestação de serviço, e uma crescente desestruturação local por parte da sociedade desinformada. Outra fábula exposta é uma suposta falência estatal, em detrimento dos problemas sociais. Sabe-se que o Estado se fortalece cada vez mais em decorrência dos interesses vigentes de empresas multinacionais. Essas fábulas aparecem tanto no cotidiano que fazem com que acreditemos que realmente a globalização é benéfica em sua plenitude. A globalização tida como perversidade é a que estamos vivendo, com um grande alargamento dos “abismos” entre uma classe dita como dominante e uma dita dominada, a busca de interesses próprios, a proliferação de doenças e o re-surgimento de outras apresentadas anteriormente como extintas e um agravamento dos problemas sociais em geral. Por fim, a criação de uma globalização utilizando a unicidade das técnicas, a convergência de momentos e a cognoscibilidade do planeta para outros fins que tornaria a sociedade mais justa.
Nenhum outro período histórico possibilitou um conhecimento amplo do planeta como esse que estamos vivenciando. Podemos estabelecer conexões mundiais no mesmo instante, o que caracteriza a convergência de momentos. Esse processo foi facilitado pelo progresso da informatização, como a cibernética e a computação. Empresas multinacionais instalam filiais em diversos países do mundo e podem exercer um controle sobre produção em tempo real.

A unicidade das técnicas se caracteriza pelo surgimento e aglomeração de meios que são utilizados em um determinado momento histórico. As técnicas nunca se apresentam a sós; são sempre apresentadas em famílias e o surgimento de um novo conjunto de técnicas não faz com que os outros desapareçam. Eles apenas serão utilizados por atores que não possuem tanta influência na sociedade.

O contexto concernente à globalização teoricamente ilude o indivíduo a participar de uma sociedade interligada, onde o fluxo de conhecimento e idéias só viriam a servir de propulsor de uma sociedade justa e igualitária. Contudo, a mundialização da informação distorce ainda mais os contrastes sociais e aliena cada vez mais os indivíduos ao consumo e ao paradigma da “inércia social”, os deixando cada vez mais longe de um verdadeiro status de cidadão.


Texto e foto: Thiago Maia

Mais fotos em: www.flickr.com/thyagumayah


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